domingo, 11 de setembro de 2011

Leitura




            Desde muito cedo já nos primeiros contatos com o mundo, os sujeitos começam a ler. Percebem o calor provocado pelo aconchego dos braços dos pais, ficam irritados quando há luz excessiva ou assustados quando são acordados com um grito. Assim começam a compreender e dar sentido ao que e a quem os cercam. Este aprendizado é natural, porém complexo, pois o sujeito para compreender um texto se utiliza do que ele já sabe, ou seja, o conhecimento adquirido ao longo da sua vida.
Isso significa que para aprender a ler o sujeito não envolve nenhuma atividade que já não tenha exercitado para entender a linguagem. É através da interação de diversos níveis de conhecimento, como o lingüístico que faz com que falamos português como falantes nativos, passando pelo conhecimento de vocabulário, regras e uso da língua; o textual que é conhecimento de estruturas e tipos de discursos de textos; e o de mundo adquirido a partir das experiências vividas; que o sujeito consegue construir um sentido para o texto e efetivar a leitura.
Existem algumas concepções sobre leitura, porém a grosso modo podem ser sistematizadas em duas: a primeira como decodificação mecânica de signos lingüísticos, por meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta na perspectiva behaviorista-skinneriana,   e a segunda  como processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, tanto quanto culturais, econômicos e políticos na perspectiva cognitivo-sociológica.
A leitura de um sujeito no inicio da alfabetização é diferenciada no sentido em que ele está fazendo correspondência entre o som e a palavra, ou seja, decodificação do código escrito e por isso lê vagarosamente, porém nem por isso, apenas passa o olho por cima das palavras e não compreende nada e sim guiados por seus conhecimentos prévios e suas hipóteses de leitura os sujeitos  dão sentido ao texto lido.
Dessa forma fica evidente que para aprender a ler a linguagem escrita ela deve ter sentido e utilidade, para que o leitor  estabeleça  inter-relações  com o texto, ou seja, como Kleiman (2000) menciona,  “ao invés de ir pensando com o autor como fazemos com a fala, quando até suprimimos a palavra que o nosso interlocutor tem na ponta da língua, o leitor fica  ensimesmado em seus próprios pensamentos, escutando apenas uma voz interior, e depois atribui ao autor informações e opiniões consistentes com suas crenças e conclusões, apesar  de um texto apresentar elementos formais que não permitam”.
Neste  movimento o autor detém a palavra e o leitor deve acreditar que o autor tem algo interessante a  dizer no texto. A produção de sentido do leitor em relação ao texto vai depender dos conhecimentos prévios como já foi enfatizado no corrente texto, e também de sua capacidade de fazer o texto lido dialogar com outros textos internos, conforme citação acima, todo texto falado ou escrito, supõe uma interlocução entre quem o produz e quem o interpreta.
A leitura não é só uma prática escolar, mas uma forma de interação com a sociedade, de compreensão das atividades humanas, e também uma caminho de possibilidade de transformação pessoal e social. Pois, através da leitura resgata-se e estimula-se a expressão natural, espontânea e inventiva de cada sujeito.
As diversidades de obras podem estimular o gosto e o hábito da leitura, todavia é fundamental que o sujeito tenha margem de escolha em relação ao que deseja ler. Principalmente na alfabetização este respeito deve ser garantido, evidenciando motivações interna, preferências e ritmos de leitura.
A leitura traz consideráveis benefícios ao sujeitos leitores, pois, acabam desenvolvendo objetivos pessoais e construindo sua identidade a partir dos textos lidos. Além disso descobrem vantagens oportunizadas pela leitura como: compreender o uso da linguagem nas atividades humanas, perceberem-se como leitores e escritores, constatam que todo processo de ensino/aprendizagem se dá na linguagem e pela linguagem.

Referências Bibliográficas:
KLEIMAN. Â. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas. Pontes, 1989
MARTINS, M. H. O que é Leitura. 19.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994


(Autora: Jaqueline Medeiros)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigada pela visita!
Sinta-se à vontade para voltar sempre e comentar.
Beijos!!
Jackke